Coletivo Catarse
“Viva a vida dos trabalhadores!”, a garota grita sobre o campo ocupado. Três salvas de foguetes ecoam na coxilha. Antes do dia clarear, já estão do lado de dentro das cercas.
É o primeiro acampamento do MST no município de Viamão. No local, em maio a Polícia Federal encontrou mais de duas mil toneladas de drogas. Hoje, são seiscentos hectares para uma centena de vacas apararem o pasto. Pela lei, a área pode ser desapropriada por dois ilícitos: base para o tráfico e improdutividade extrema.
Um território perfeito para o Governo do Rio Grande do Sul (em acordo com o Governo Federal) começar a cumprir o compromisso que assinou com o MST em abril e descumpriu: assentar 450 famílias de sem terra até agosto e mil até o final do ano. Estamos em fins de setembro e nenhuma delas conquistou a terra prometida.
“Queremos mostrar ao governo Tarso que se quisesse poderia fazer a Reforma Agrária sem dinheiro. Pela lei, esta área pode ser expropriada sem indenização. Em Vacaria (uma das outras duas áreas ocupadas no dia de hoje) a mesma coisa. É uma área do Estado que não está sendo usada para nada”, explica o acampado João Paulo da Silva. Segundo o Movimento, já se passam três anos sem que nenhuma família tenha sido assentada em solo gaúcho. “Os governos não atendem a pauta da Reforma Agrária, por isso temos que seguir lutando”, desabafa João.
Entre os cerca de 200 acampados, estão alguns apoiadores de movimentos sociais urbanos, solidários aos que lutam por justiça no campo. No texto do MST enviado à imprensa, a determinação de se permanecer nas áreas por tempo indeterminado, até que os governos apresentem soluções definitivas para o assentamento.
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