Ainda era madrugada quando arrebentamos a cerca que nos separa de uma vida digna. Como é possível tanta gente se obrigar a viver na beira da estrada, debaixo de um pedaço de lona preta, enquanto aqueles 600 hectares só servem pra distribuição de drogas? Não é possível: nós não aceitamos a miséria como destino.
Foto: Jefferson Pinheiro |
Rompemos aquela cerca, montamos acampamento e só vamos sair com uma resposta concreta. Desta vez nos sentimos mais fortes com a presença de apoiadores de vários coletivos e organizações que entraram juntos com a gente e ajudaram a erguer os barracos, enfrentar a luta lado a lado. Aos que vieram, os que estão aqui e os que não conseguiram vir: muito obrigado.
O primeiro dia de uma ocupação é sempre de muito trabalho: e tome cavar buraco, poço, erguer barracões coletivos, banheiros, um barraco pra saúde, as cozinhas coletivas, buscar lenha no mato, taquara e vara pras construções... No meio disso tudo, reuniões pra organizar cada parte do todo: quem faz o quê? Equipes de cozinha, infra, comunicação, segurança, saúde, núcleos de base, coordenação de tudo isso... No fim do dia, o sono pesado e satisfeito de quem está construindo o futuro com as próprias mãos.
TERRA para o POVO,
NÃO para o TRÁFICO!
* Texto escrito por um acampado que faz parte da ocupação em Viamão.
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