sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Apresentação do grupo Levanta Favela sábado em Viamão

A Ocupação de Viamão convida entidades, organizações e indivíduos para se juntarem à luta do MST. Amanhã (sábado) a partir das 14h a peça teatral Pacha Mama será apresentada pelos camaradas do Levanta Favela.

O convite segue especialmente às organizações do campo e cidade em vista da necessária solidariedade pela emancipação popular e reforma agrária.

A ocupação segue firme. Seu apoio é importante.

Amanhã, todas/os na Ocupação de Viamão!



Segue o serviço:


O que? Apresentação do grupo teatral Levanta Favela


Onde? Ocupação do MST em Viamão, próximo do pedágio


Quando? Amanhã, 1 de outubro, a partir das 14h

Acampados iniciam plantio da terra em Vacaria

Da Página do MST

Os 500 sem terra que estão acampados em uma área pública na cidade de Vacaria, Rio Grande do Sul, iniciaram, à partir das 8h30min, a lavrar a área. Eles irão fazer hortas para o autosustento das famílias. Os sem terra ocupam a área de 400 hectares de terra, que fica próxima a BR 285, à 1km da entrada da cidade, desde a segunda-feira passada (26).

Já na área ocupada por 300 sem terra nas margens da RS-040, em Viamão, ocorre uma assembleia de assentados nesta sexta-feira (30), ao meio-dia.Os agricultores irão doar alimentos em solidariedade às famílias acampadas e em apoio à desapropriação da área para a Reforma Agrária. Perto desta área há um assentamento do MST com 250 famílias, onde são produzidos arroz e verduras agroecológicas (sem agrotóxico e adubos químicos), com cooperativas e grupos de produção. Os assentamentos do MST na região metropolitana de Porto Alegre constituem a maior produção de arroz agroecológico do RS.

Em Sananduva, na região Norte, os mais de 200 sem terra que ocuparam uma área de 300 hectares permanecem no local.

Famílias irão resistir a despejos

As famílias acampadas em Viamão e Sananduva não deixarão as áreas. A Justiça já determinou a reintegração de posse imediata das duas fazendas. Os despejos podem acontecer a qualquer momento.

Os acampados reafirmam que não sairão das áreas até que o governo do estado e o Incra anunciem o assentamento das famílias. Ainda em Abril, o governo do estado, depois de um acordo com o governo federal, se comprometeu a assentar as famílias que se encontram acampadas embaixo da lona preta em todo o Estado. Desde a assinatura do “Termo de Compromisso” com os camponeses, nenhuma família foi assentada.

                                              Foto: Jefferson Pinheiro
Os governos federal e estadual encaram a Reforma Agrária como questão de polícia. A decisão das famílias sem terra em resistir aos despejos é uma forma de pressionar pelos assentamentos, já que os acordos e metas têm sido constantemente descumpridas pelo poder público. Reiteramos que a responsabilidade sobre o que venha a ocorrer nas ações de despejo é dos governos estadual e federal.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MST mantém ocupações no RS


Da Radioagência NP

(1’34” / 370 Kb) -  Os sem-terra decidiram manter as ocupações depois de uma reunião realizada com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com a Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo. No encontro, o governo do estado não apresentou propostas concretas para assentar imediatamente as mil famílias acampadas no estado.
Conforme Daniel Soares, acampado há três anos, as famílias decidiram ocupar as áreas, pois os governos federal e estadual não cumpriram o acordo firmado em abril de assentar as famílias acampadas. 
“Foi feito um termo de compromisso entre o governo do estado e o governo federal de assentar 450 famílias no período de quatro meses. Já se passaram cinco meses e nenhuma família foi assentada.”
Nesta  segunda-feira (26), três propriedades rurais foram ocupadas. Em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, mais de 300 trabalhadores ocuparam uma área na ERS 040. Em Vacaria, na serra gaúcha, mais de 500 agricultores ocuparam um local com 400 hectares próximo à BR 285. A área, que é pública, foi destinada pelo governo para pesquisa e experimentos de plantas, mas não estaria sendo utilizada para esse fim. Em Sananduva, cerca de 200 integrantes do MST entraram na fazenda Bela Vista, propriedade com mais de 300 hectares.
De São Paulo, da Radioagência NP, com informações de Bianca Costa, Danilo Augusto.

Memória, Verdade e Justiça!

Por Movimento Utopia e Luta

Caso M S T
Reforma Agrária

Um caso real atual e histórico que transita cotidianamente de Norte a Sul de Leste a Oeste do território Brasileiro, de Governo em Governo, de Gabinete em Gabinete, de Processo em processo, de eleições em eleições, de discurso em discurso. E o latifúndio improdutivo impune, agregando o genocídio natural do monocultivo e a especulação de terras aliadas a corrupção e muitas vezes ao crime do tráfico de drogas.

No entanto as lonas pretas na beira das estradas, a repressão, a criminalização, os assassinatos (referencia Élton Brum ) são a moeda de troco e resposta de um sistema político que não tem memória, não diz a verdade e não reconhece a justiça da injustiça. Poderemos agregar que nunca teve essa sensibilidade, só críamos em nosso imaginário fundado na esperança a ideia de que seria possível mudar.

Nestes tempos com provas mais que suficientes temos condições de sustentar a opinião que durante as últimas décadas de luta do povo da reforma agrária, o desvio de compromissos históricos assumidos através de discursos e promessas por grande parte da chamada esquerda, hoje no cenário do poder, é concreto e confirmado. O povo acreditou e cumpriu. Eles estão no poder, e agora ?

Discursos, despejos, promessas, repressão, perseguições ideológicas. Cadê a diferença de métodos e ideologias com os que durante toda a história do Brasil ostentarem o poder ?
No ano 2007 o MNLM ocupa prédio utilizado por integrantes do PCC na rua Caldas Junior em Porto Alegre reivindicado para moradia popular e são despejados militarmente de forma cinematográfica, exemplo de barbárie de um governo de orientação reacionária de direita que carrega pendências de injustiça graves sem resolver com com as massas do povo em luta. Somando uma sequência de agressões, perseguições e despejos contra integrantes do Movimento Sem Terra (Caso Elton Brum).

Agora neste paralelo que já não e tão paralelo, um governo de esquerda despeja o MST de uma fazenda utilizada por setores do crime organizado desconhecendo a função da terra e das urgências de uma grande massa de famílias em lona preta cansadas de discursos e mentiras por parte dos governos e de legisladores da boca pra fora que só servem como agência de emprego para seus cabos eleitoreiros bem acomodados com os recursos gerados pela necessidade dos oprimidos, excluídos de seus direitos a uma vida digna.


Cadê a Memória? Srs. Políticos, Cadê a Verdade ? Cadê a Justiça ?
Será que vocês acreditam ainda nestes valores ?
E sem perguntar da Ética...

Viva a Luta de Classes
Ocupar produzir pra Lutar

Mov.Utopia e Luta

Setembro/2011

Reunião hoje para discutir Agitação e Propaganda

Hoje às 19h haverá uma reunião para discutir Agitação e Propagandanda no Assentamento Urbano Utopia e Luta! Apareça! Divulgue para os seus contatos!

Sem Terra irão resistir a despejo em Viamão e Sananduva

Por Comunicação do MST

As famílias que estão acampadas nas cidades de Viamão (região metropolitana) e Sananduva (região Norte) decidiram que não deixarão as áreas. A Justiça já determinou a reintegração de posse imediata das duas fazendas. Os despejos podem acontecer a qualquer momento.

Os acampados reafirmam que não sairão das áreas até que o governo do estado e o INCRA anunciem o assentamento das famílias. Ainda em Abril, o governo do estado, depois de um acordo com o governo federal, se comprometeu a assentar as famílias que se encontram acampadas embaixo da lona preta em todo o estado. Desde a assinatura do “Termo de Compromisso” com os camponeses, nenhuma família foi assentada. Na reunião realizada ontem não houve avanços, já que o instituto federal e o governo gaúcho não apresentaram nenhuma proposta para cumprir com este acordo.

                                                                     Foto: Jefferson Pinheiro
Mais uma vez, os governos federal e estadual encaram a reforma agrária como questão de polícia. A decisão das famílias sem terra em resistir aos despejos é uma forma de pressionar pelos assentamentos, já que os acordos e metas têm sido constantemente descumpridas pelo poder público. A responsabilidade sobre o que venha a ocorrer nas ações de despejo é dos governos estadual e federal. 

Vacaria

Em Vacaria, mais de 500 pequenos agricultores ocupam uma área de 400 hectares de terra próximo a BR 285, à 1km da entrada da cidade. A área, que é pública, foi destinada pelo governo para pesquisa e experimentos de plantas, mas não está sendo utilizada para esse fim. Da mesma forma, em todo o estado existem áreas do governo que estão abandonadas e não necessitam recurso para serem desapropriadas.

Nota de Solidariedade da FAG às Ocupações do MST

Na madrugada desta segunda feira, dia 26 de setembro, 200 famílias sem terras acampadas e assentadas, assim como outros movimentos urbanos e sindicatos ocuparam um latifúndio de 600 hectares em Viamão na RS 40, ao lado do posto de pedágio. Esta área esta sendo alvo de investigação da policia federal que neste ano encontrou ali um depósito de duas toneladas de maconha.

Na manhã de ontem, dia 27 de setembro, quando apoiadores tentavam levar comida e água para dentro da ocupação a Brigada Militar não só impediu que estes apoiadores entrassem na ocupação, mas também atiraram com arma de fogo para o chão para intimidar as famílias que vinham em auxílio. Esta repressão não é novidade para nós, pelo contrário, há dois anos Elton Brum da Silva foi covardemente assassinado com tiros de calibre 12 pelas costas em despejo pela Brigada Militar.

Na mesma segunda feira, outras duas áreas foram ocupadas no interior do estado, uma em Vacaria e outra em Sananduva. Estas ocupações fazem parte de uma jornada estadual de luta pela Reforma Agrária que pretende recolocar na pauta o tema do assentamento imediato de aproximadamente mil famílias que ainda estão acampadas em baixo da lona preta no RS. O discurso do governo do estado e também do governo federal em assentar estas famílias até o final deste ano esta bem longe de ser cumprido, aliás, a Reforma Agrária já deixou de ser uma preocupação, mesmo que mínima, há bastante tempo por parte dos governos e seus governantes.

Nesta conjuntura onde o discurso do mínimo para todos soa como avanço, onde a política de conciliação de classes impera, é importante reafirmar a luta com ação direta como a única saída para nossas conquistas. Em tempos de conjuntura tão adversa a tarefa é organizar para lutar e lutar para organizar. Nós militantes da Federação Anarquista Gaúcha somos mais que solidários com estas lutas, estamos juntos, ombro a ombro, erguendo a bandeira da terra, da liberdade e da dignidade para todos e todas que lutam e sonham.


Não tá morto quem luta e quem peleia!


Federação Anarquista Gaúcha

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Diário de uma ocupação de terra – 2º Dia*

No período da manhã, precisávamos reabastecer o acampamento com água e comida. Mas o BOE (Batalhão de Operações Especiais) impediu a entrada do que deveria ser um bem comum a todos: a alimentação. 

                                                                        Foto: Jefferson Pinheiro
Fomos em grupo reduzido para conversar com os policiais. Porém a partir de uma má interpretação de um policial, que estava visivelmente alterado e revoltado, que acreditava que nós, Sem Terra representávamos realmente um perigo, efetuou um tiro de advertência (com projétil letal) obrigando todos a recuar.
É indiscutível o quão é revoltante saber que um dos batalhões mais preparados possa perder a cabeça e o controle dos nervos com o simples fato de ver uma foice.


Felizmente conseguimos pegar água e mais tarde a comida, mas sem a ajuda dos policiais.

Pátria Livre!
Venceremos!

*Texto escrito por um acampado que faz parte da ocupação em Viamão.

Segundo dia de ocupações no RS é marcado por intimidação da Brigada Militar

                                                                     Foto: Jefferson Pinheiro
Por Comunicação do MST

As famílias que ocupam desde segunda-feira (26), uma fazenda em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre, foram intimidadas pela Brigada Militar. Durante a manhã de terça-feira (27), apoiadores e assentados da região, preocupados com a situação das famílias, tentaram entregar aos acampados comida e água potável quando a polícia impediu a passagem dos carros. A partir disso, os trabalhadores e trabalhadoras decidiram buscar a comida nos automóveis que estavam estacionados na rodovia RS 040 quando houve a abordagem da Brigada Militar.

                                                                     Foto: Jefferson Pinheiro
Ao tentarem cruzar a cerca para sair da propriedade, a Brigada Militar fez um disparo de arma de fogo para o chão. Conforme João Paulo da Silva, acampado na região Sul, os policiais ameaçavam entrar em ação caso os camponeses não recuassem. “Essa abordagem da polícia é uma forma de intimidar a organização dos trabalhadores e das famílias acampadas do MST”, afirma João.
  
Mobilizações continuam nas três cidades

Mesmo com a repressão da polícia, as famílias do MST permanecem com os acampamentos até que o governo federal, por meio do INCRA, e o governo do estado encontrem uma solução definitiva para o assentamento das mil famílias acampadas. Os trabalhadores reivindicam o cumprimento do acordo firmado em abril de assentar as famílias acampadas hoje no estado.

Desde segunda-feira cerca de 300 pessoas ocupam uma fazenda em Viamão. A área foi motivo de investigação da Polícia Federal que neste ano encontrou mais de 2 toneladas de maconha. Em Vacaria, mais de 500 pequenos agricultores ocupam uma área de 400 hectares de terra. Já em Sananduva, as famílias ocupam uma área de mais de 300 hectares.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ocupações de terra para os governos cumprirem os acordos

Coletivo Catarse

“Viva a vida dos trabalhadores!”, a garota grita sobre o campo ocupado. Três salvas de foguetes ecoam na coxilha. Antes do dia clarear, já estão do lado de dentro das cercas.

É o primeiro acampamento do MST no município de Viamão. No local, em maio a Polícia Federal encontrou mais de duas mil toneladas de drogas. Hoje, são seiscentos hectares para uma centena de vacas apararem o pasto. Pela lei, a área pode ser desapropriada por dois ilícitos: base para o tráfico e improdutividade extrema.

Um território perfeito para o Governo do Rio Grande do Sul (em acordo com o Governo Federal) começar a cumprir o compromisso que assinou com o MST em abril e descumpriu: assentar 450 famílias de sem terra até agosto e mil até o final do ano. Estamos em fins de setembro e nenhuma delas conquistou a terra prometida.





“Queremos mostrar ao governo Tarso que se quisesse poderia fazer a Reforma Agrária sem dinheiro. Pela lei, esta área pode ser expropriada sem indenização. Em Vacaria (uma das outras duas áreas ocupadas no dia de hoje) a mesma coisa. É uma área do Estado que não está sendo usada para nada”, explica o acampado João Paulo da Silva. Segundo o Movimento, já se passam três anos sem que nenhuma família tenha sido assentada em solo gaúcho. “Os governos não atendem a pauta da Reforma Agrária, por isso temos que seguir lutando”, desabafa João.

Entre os cerca de 200 acampados, estão alguns apoiadores de movimentos sociais urbanos, solidários aos que lutam por justiça no campo. No texto do MST enviado à imprensa, a determinação de se permanecer nas áreas por tempo indeterminado, até que os governos apresentem soluções definitivas para o assentamento.

Diário de uma ocupação de terra – 1º dia*

Ainda era madrugada quando arrebentamos a cerca que nos separa de uma vida digna. Como é possível tanta gente se obrigar a viver na beira da estrada, debaixo de um pedaço de lona preta, enquanto aqueles 600 hectares só servem pra distribuição de drogas? Não é possível: nós não aceitamos a miséria como destino.

                                                                      Foto: Jefferson Pinheiro
Rompemos aquela cerca, montamos acampamento e só vamos sair com uma resposta concreta. Desta vez nos sentimos mais fortes com a presença de apoiadores de vários coletivos e organizações que entraram juntos com a gente e ajudaram a erguer os barracos, enfrentar a luta lado a lado. Aos que vieram, os que estão aqui e os que não conseguiram vir: muito obrigado.

O primeiro dia de uma ocupação é sempre de muito trabalho: e tome cavar buraco, poço, erguer barracões coletivos, banheiros, um barraco pra saúde, as cozinhas coletivas, buscar lenha no mato, taquara e vara pras construções... No meio disso tudo, reuniões pra organizar cada parte do todo: quem faz o quê? Equipes de cozinha, infra, comunicação, segurança, saúde, núcleos de base, coordenação de tudo isso... No fim do dia, o sono pesado e satisfeito de quem está construindo o futuro com as próprias mãos.

TERRA para o POVO,

NÃO para o TRÁFICO!

 * Texto escrito por um acampado que faz parte da ocupação em Viamão.



Vídeo sobre a ocupação em Viamão realizada pelo MST


Por Comunicação do MST

O objetivo do Movimento é que os governos federal e estadual cumpram o acordo de assentar as mil famílias que estão acampadas no Rio Grande do Sul até o final do ano de 2011.

MST promove ocupações para pressionar governo Tarso

Três ocupações foram realizadas simultaneamente nos municípios de Vacaria, Sananduva e Viamão

Nanda Barreto - Brasil de Fato
Porto Alegre (RS)

            
Ainda era madrugada quando a linha de frente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) cortou o alambrado e iniciou a ocupação de uma área de 600 hectares em Viamão, na Grande Porto Alegre. Aproximadamente 200 famílias estão no local. A ação integra a estratégia do MST para pressionar o governo gaúcho a cumprir um termo de compromisso firmado em abril deste ano.

                                                       Foto: Nanda Barreto
Pelo acordo, o governo de Tarso Genro deveria assentar mil famílias até 2012. A promessa, ainda cintinua só no papel e até agora nenhuma família teve seu direito garantido. "Estamos determinados: pra gente sair daqui só com um assentamento concreto. Temos companheiros que estão há 7, 8 anos vivendo debaixo da lona, lutando pelo direito de produzir. Foto: Nanda BarretoÉ um vida dura", salienta trabalhador rural João Paulo da Silva, que deixou o acampamento Nova Esperança, em Santana do Livramento, para participar da ocupação.

Por volta das 10 horas da manhã, a Primeira viatura da Polícia Militar chegou ao local - situado nas redondezas do pedágio da RS 040 - para conversar com lideranças. O advogado Emiliano Maldonado, que presta assessoria jurídica ao grupo, explica que a área ocupada não cumpre nenhuma função social, além de prestar um desserviço à sociedade. "É uma terra livre para o tráfico. No início deste ano uma operação da Polícia Federal apreendeu cerca de duas toneladas de maconha num galpão que fica na área".

Resistir, produzir

Enquanto dezenas de integrantes do movimento levantavam barracas, e armavam estruturas de bambu e penduravam faixas e bandeiras, a agricultora Jussara Melo se dedicava a preparar o almoço coletivo. Acampada há 6 meses no interior do estado, ela decidiu tentar nova vida em Viamão. "Vim com meus dois filhos e com meu marido e não vamos arredar o pé daqui enquanto não tivermos terra para produzir", garante.

Em situação semelhante está a agricultora Suzana da Silva, que é vizinha de acampamento da Jussara, em Charqueadas. "Eu tenho um guri de 12 anos e uma guria de 8. A mais nova aprendeu a caminhar e a falar num acampamento do MST. Estamos na luta há muito tempo. O governo prometeu e já é hora de cumprir. Só vamos sair daqui com a terra na mão. Sabemos que não será fácil, mas nada vem fácil pra gente".

Apesar das dificuldades, Suzana gosta da vida que leva. "Estamos ensinando nossos filhos a lutarem pelos direitos deles. E o acampamento é uma grande família. Aliás, eu conheço muita família por aí que não tem a união que nós temos. Isso acontece porque temos um mesmo objetivo, estamos juntos no mesmo barco", acredita.

Ação integrada

Outras duas ocupações foram realizadas simultaneamente no Rio Grande do Sul. No município de Vacaria, no Nordeste gaúcho, aproximadamente 400 famílias de sem-terra ocupam uma área pública, de responsabilidade do governo estadual. Em Sananduva, cerca de 200 pessoas ocupam uma área de 320 hectares.

"O governo diz que não tem dinheiro, mas ele tem. O que o governo não tem é prioridade com o pequeno agricultor. Nesse caso de Vacaria a área é deles e não teriam que pagar nada. Esta outra área aqui de Viamão está na mão do tráfico e já deveria ter sido expropriada", reclama João Paulo da Silva, que é filho de pequenos-agricultores assentados e atua no MST há quase 10 anos.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MST faz ocupações em Viamão, Vacaria e Sananduva


Por Comunicação do MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou três áreas no Rio Grande do Sul. As famílias Sem Terra ocupam as áreas para pressionar os governos federal e estadual para cumprir o acordo firmado em abril deste ano de assentar todos os trabalhadores e trabalhadoras acampadas hoje no estado.

                                                                     Foto: Jefferson Pinheiro
Na região de Porto Alegre, mais de 300 trabalhadores ocupam uma área na RS 040, próximo ao posto do pedágio de Viamão. O local foi motivo de investigação da Polícia Federal que neste ano encontrou mais de 2 toneladas de maconha na área.

Em Vacaria, mais de 500 pequenos agricultores ocupam uma área de 400 hectares de terra próximo a BR 285, à 1km da entrada da cidade. A área, que é pública, foi destinada pelo governo para pesquisa e experimentos de plantas, mas não está sendo utilizada para esse fim.

Já em Sananduva, mais de 200 trabalhadores rurais Sem Terra ocupam uma área com mais de 300 hectares que poderia ser destinada para o assentamento das famílias acampadas hoje no estado.
 
O MST está mobilizado nas regiões para pressionar os governos federal e estadual para realizar o assentamento imediato das mil famílias acampadas hoje no estado. Em abril, o governo do estado, depois de um acordo com o governo federal, se comprometeu a assentar as famílias que se encontram acampadas embaixo da lona preta em todo o estado. Desde a assinatura do “Termo de Compromisso” com os camponeses, nenhuma família foi assentada.

Os trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra devem permanecer nas áreas por tempo indeterminado, pois compreendem que somente com a ocupação e resistência vão fazer com que o poder público realize a Reforma Agrária no país. As famílias só devem deixar os locais ocupados se os governos apresentarem soluções definitivas para o assentamento.